quarta-feira, 20 de junho de 2012

goodbye

viva lá, não sei onde, posiciono;
viva cá, não, sei te encontrar;
bate à porta, não te sinto;
vai embora, viro cega;
vai, embora viro cega.

visão de mundo

dita pedra não lascada no conjunto da inercia não ultrapasso movimentos, fico quieta e sou julgada, sou ponto e não dois, me faço sem dom de repetição, sou anacoreta por minúcias, sou despedaçada num enlevado grau de organização que minha pose engana, sou uma mixórdia mal batida que mesmo de vidraça limpa é indumentada, lacrada e oprimida, mas de todo sou que me resta ser, de que ser seja viver é que ao invés de tentar resumir a terra orbe e decifrá-la cuidadosamente, sou uma criança e digo que o planeta é apenas um grande círculo jorrado de cores.

terça-feira, 12 de junho de 2012

repulsa

como se todo amor que existe fugisse
como se todo tivesse direito de escolha a moradia
como se em cada pessoa deixasse e em mim só a falta restasse
como se fosse partilhado e fraturado e o vento levasse cada de
seu conteúdo, de um a um até uniformizar a estabilidade dos papéis
como se a casa que vivenda fosse de pura lama imbuído de passagens
que causam involuntária pressão
como se o amor habitável reciclou-se após a troca
de palavras e repressões.

sábado, 2 de junho de 2012

abc aprisionado

na mente as palavras alinhadas, consertadas, quando as destranco e a chave
retiro, elas pairam e não querem sair de lá, quando as liberto conformam-se em ficar,
como um trem letreiro a navegar no labirinto cerebral preso nas bolhas de seu ar reprimido que respira e exprime transparências de mal entendidos. pulmão evacuado com tosse de antiguidades e destroços que o mundo impediu livrar, nuvens de lembranças e restrições que agora há de gritar, o abecedário de poliglotas para quebrar a colisão das contravoltas de todo o impedimento, é o que vejo pairar nas linhas frenológicas de ser, humano.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

1.72

somos os últimos, únicos perdidos
estamos na construção
somos cada tijolo medido improvisado
estamos sem tamanho
rochas pedregulhos asfalto sem chão
somos medidos por confusão
alturas, elevação, escada, cal
cada chão é de uma camada
somos o pedaço da estrada
não entendo a satisfação
do nome, da mão do metro da palma
visando a desconstrução
do grito do espírito
não titulado
sem numeração.